terça-feira, 29 de abril de 2008

I told you so

Lembro-me, como se fosse hoje, das palavras do professor Caio Phreis, de redação. Lá no ISBA, em 2006, em época de segundo turno para as eleições presidenciais, ele bradou,"Lula não vai entregar o poder, olha o que eu estou te dizendo". Achei um absurdo. Como seria possível? Você remete à ditadura? Claro que não, é que eu não tinha lembrado do perigo desse tal de populismo.

Hoje foi divulgado o resultado de uma pesquisa feita pelo instituto CNT/Sensus. A população, segundo dados, aprova uma reforma na constituição que possibilitaria um terceiro mandato à Lula. Em outra questão, essa mesma população indicou o nome do atual presidente para 2010, logo, desconsiderou o fato de que ele não pode se reeleger.

Dora Kramer, colunista que não é de meu agrado, escreveu certo no seu texto de hoje. Ela questionou o porquê de uma pesquisa idealizando uma situação "impossível". Por que perguntar sobre um terceiro mandato, sendo ele constitucionalmente inviável? Logo lembrei de Caio e sua sabedoria. O golpe é calcado aos poucos, sutilmente. Sim, já é quase realidade, corremos o sério risco de termos Lula em 2010. Outra colocação pertinente de Dora foi a caracterização de Lula como "governante de palanque". Quem diria que hoje, um "antigo" "semi-analfabeto" consegue comover milhares com seus discursos de "eu fiz, ninguém nunca fez, e ainda tenho muito o que fazer". Sem contar que o governo teve essa sacada genial de criar o PAC como Programa de Aceleração do Crescimento...da popularidade de Lula. Esse é um dos melhores programas eleitorais dos últimos tempos. A própria Dilma Rousseff, que é apenas uma possível candidata de fachada do PT enquanto é preparado o tal terceiro mandato de Lula, comparou o lançamento do PAC a um comício. Tudo pensado.

Nesses momentos minha memória é generosa, e só mesmo o meu ego para me fazer rir baixinho.

Quando dizia - e ainda digo - que o governo de Lula é um dos piores do Brasil, por alienar o povo pela boca, por comprá-lo por 30 reais de auxílio-gás, gente vem me dizer que penso assim porque não passo necessidade, porque não tenho noção da dificuldade que a maioria da população sofre, que nunca os pobres foram tão bem tratados. Ó, que lindos vocês são, continuem assim, olhando para os pobres. De cima. Assistecialismo falso, cruel. (A minha real vontade era dizer "Assistencialismo de merda!", mas a expressão iria destoar do texto).

O Estado, vale lembrar, não deve ser pai dos pobres, e sim um funcionário dele, servindo-o sempre. O que o Lula está fazendo é uma covardia sem tamanho. Cala a boca do povo com Bolsa Esmola (opa! Escola), Bolsa Família, Bolsa disso, Auxílio daquilo. É claro que as classes mais baixas não têm tempo e condições de refletir sobre o seu voto. É uma relação direta: esse cara colocou comida na minha mesa e mais dinheiro no meu bolso. Pronto, meu voto é dele, qual o número mesmo?

Há tempos também costumava ouvir brados que diziam, "Renata, o Lula distribuiu a renda, você não lê jornal não? Não viu as pesquisas apontando um aumento da qualidade de vida das classes mais baixas? Elas agora têm mais dinheiro, querida". O que esses espertinhos (desculpa, não estou conseguindo manter o nível do texto, minha revolta é grande) não sabem é que o atual governo não distribuiu renda, ele apenas pegou os trocos ganhos com o crescimento da economia e repassou para essas classes que , supostamente, melhoraram de vida. Ao mesmo tempo, os ricos também ganharam (muito, mas muito) mais dinheiro (claro, a economia cresce para o país todo). Isso é distribuição de renda? Por acaso os ricos estão mais pobres e esses, mais ricos?
Ah, bom.


I told you so.

sábado, 26 de abril de 2008

Café com Prosa: Convergência Midiática


Câmeras, blogs, celulares, Youtube. A tecnologia da comunicação já é realidade na vida de quem têm acesso aos aparelhos eletrônicos modernos e à Internet . Esse ambiente, que funciona como o centro de convergência para todo tipo de conteúdo, veio para encurtar caminhos e facilitar a produção e veiculação de mídia. São poucos, no entanto, que dominam a técnica de reprodução dos fatos e praticam o jornalismo digital. Nesse caso, o olhar do profissional faz toda a diferença. Uma das características do meio em questão é o imediatismo. A tendência é que haja uma competição pela maior velocidade de informação, o que não afeta a sua qualidade, que fica por conta do repórter.
O encontro de mídias no jornalismo digital ainda não tem uma definição concreta, levando muitas pessoas a pesquisarem sobre o assunto. Uma delas é Leila Nogueira, jornalista e professora de comunicação, que integrou a mesa de debate no último Café Com Prosa, evento promovido pela Faculdade Social da Bahia, no auditório do ISBA. Segundo Leila, o modelo atual de convergência midiática na rede é caracterizado pela descentralização da produção jornalística, que reduz custos e sobrecarrega o repórter, agora munido de tecnologia para fazer a cobertura em áudio, vídeo e texto. A jornalista ressalta que, apesar de muitas pessoas produzirem e veicularem informações, a técnica de apuração diferencia o que é, ou não, conteúdo midiático. “Não estou transformando todo mundo em jornalista, não, é bom frisar isso”.
Por ser um meio abrangente, o webjornalismo funciona aliado aos outros tipos de mídia. Materiais de impresso, telejornal e rádio podem complementar o conteúdo digital. O que ocorre, entretanto, é um reaproveitamento do produto desses meios, não havendo respeito pelo estilo próprio do jornalismo digital. Marcelo Freire, professor e mestrando pela UFBA, afirma que, mesmo com a falta de preparo dos profissionais, há uma obrigatoriedade dos veículos em migrarem para a Internet, devido à convergência das mídias, o que gera uma produção repetida.
Freire, durante o seu discurso, ainda disse que o jornalista passa a trabalhar não só para um veículo, mas para toda uma empresa de comunicação. Logo, ao cobrir a matéria, deve pensar na sua veiculação em qualquer meio dessa rede. O foco deve estar na informação, que é o que o internauta procura, independente da marca do site ou portal. O repórter deve buscar parceria com colegas, inclusive de outros meios, para elaborar a matéria.
“Café com Prosa é um tipo de convergência que me interessa”. Foi com descontração que o também jornalista e mestre em comunicação, Fernando Firmino, entrou no debate. O professor apresentou o que há de mais moderno em termos de suporte técnico para o que ele chama de jornalismo móvel, apurado, sobretudo, por celulares com tecnologia 3G. Firmino fala na existência de dois tipos de convergência: a profissional, que faz o jornalista acumular várias funções, e a tecnológica, que simplifica os diversos tipos de apuração em um só aparelho. Por estar em constante avanço, as mídias eletrônicas possuem futuro incerto. " É um caminho que a gente não sabe exatamente onde vai dar", afirmou o jornalista.
O público, formado por estudantes, professores da casa e visitantes, pôde compreender melhor o processo de multimidialização do jornalismo, provocado pelo boom da internet.Apesar do avanço na comunicação, proporcionado por essa modernidade, os critérios jornalísticos são os mesmos para qualquer meio. As mídias estão presentes na Internet, e esta também está presente nas outras, tudo em prol da expansão da informação. Isso é convergência.









segunda-feira, 21 de abril de 2008

Caso Nardoni

A morte de Isabella Nardoni está sendo um prato cheio para a mídia. A cada impresso, telejornal ou programa de rádio, qualquer fato surge como uma bomba. Claro que existem os meios de comunicação mais responsáveis, que tratam do assunto de maneira mais comedida. Mesmo assim, a própria história já carrega um estigma sensacionalista, por envolver uma criança (paulista, branca, esteriotipada) indefesa e pais supostamente covardes. O caso, no que tange a euforia midiática e pública, pode ser comparado ao da moça de classe média alta, Suzane von Richthofen, que planejou e executou a morte dos pais.

Essas histórias, vale lembrar, chamam a atenção do público, sobretudo, por envolverem pessoas brancas de classe média alta. Assassinatos do tipo acontecem a todo momento nas periferias da sociedade e, no entanto, não têm o mesmo trato na imprensa, mesmo que em forma de estatística.


Mas voltemos ao caso Isabella. Aqui, seus pais são os únicos suspeitos, o que acentua não só o processo de acusação na justiça, como também o ódio da população, fomentado por um jornalismo que põe a audiência acima de qualquer valor ético. As matérias são conduzidas da pior forma possível, focando-se pouco nos encaminhamentos judiciais e muito na emoção, que em nada ajuda. Pelo contrário, essa pressão psicológica da mídia, que faz vigília na porta dos prédios dos envolvidos, atrapalha as investigações. Tal lavagem cerebral faz com que pessoas viajem milhas para gritarem na porta da delegacia e até tirarem foto das mais novas "celebridades" policias. No orkut, a comunidade dedicada à Isabella tem mais de 100 mil pessoas, e várias delas a homenageiam em seus álbuns de profile. É isso que o jornalismo brasileiro, sobretudo o da Globo, está fazendo, fabricando artistas.


Prova disso é a entrevista exclusiva que o casal concedeu ao Fantástico. Na noite de ontem, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá - pai a madrasta de Isabella - falaram, emocionados, sobre a pressão que estão sofrendo, dando a sua versão da história. Essa poderia ser um postura positiva do programa, já que houve uma oportunidade de defesa para os suspeitos. Mas parece que a entrevista foi conduzida dando a entender que ali estava um casal de culpados tentando justificar os atos.


Ao invés de produzir um espetáculo, os meios de comunicação deveriam pressionar a Justiça, para que solucione o caso da maneira mais rápida e correta possível.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Rir ou chorar: eis a questão

Essa foto simboliza o verdadeiro eixo do mal da humanidade.
Quando leio certas matérias, tenho minhas dúvidas se é para rir ou para chorar. Tenho acompanhado as notícias sobre a visita do papa Bento XVI aos Estados Unidos, onde passará seis dias.
Depois de passar pelo ensino médio, é natural se ter uma visão mais crítica sobre a igreja católica, mesmo sendo religioso. Essa instituição é altamente perigosa, ela condena os fiés à uma subserviência cega, além de ser cínica: engana o povo pregando uma palavra de valores dignos enquanto é omissa aos males do mundo real. Creio que o tempo da Igreja Católica Apostólica Romana já acabou. O mundo não merece mais rezar aos pés dos reacionários. Para piorar, o comando desse exército retrógrado está nas mãos de um ser humano lunático, eu diria. O atual papa, talvez para chamar a atenção, parece querer retornar ao século XIII, com suas opiniões (dogmas?) totalmente descabidas em se tratando de século XXI. Meus pêsames para quem se submete a isso.
Bem, sobre a Besta Mor, eu não tenho muito a acrescentar. O que dizer de um presidente que governa com ego, agindo monstruosa e irresponsavelmente com o aval não só da tão límpida igreja católica(?), como também das nações mais importantes do mundo? Na verdade, não é só o Bush, vamos lembrar que estamos falando de Estados Unidos, um país que desde cedo tomou gosto pela soberania sórdida. O atual presidente sofre duras críticas por ser, acima de tudo, uma besta achando que está em uma partida de War.
O papa, em seu discurso, disse que os EUA se "mostram sempre generosos ao irem ao encontro das necessidades humanas imediatas, promovendo o desenvolvimento e oferecendo alívio para as vítimas das catástrofes naturais" (G1).
Pedir desculpas pelos constantes abusos sexuais praticados pelos padres americanos é desnecessário.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O mau de ser popular

Graças à um mal-estar terrível estou conseguindo postar pela manhã. Como não só o meu estômago foi afetado, espero que nenhuma afirmação a seguir seja compreendida de maneira errada.

Não sei pra quê introdução, só quero falar de Ana Carolina. E, talvez, Ivete Sangalo.

Para começar, não sou fã de Ana Carolina. Admiro-a como artista, e apenas gosto do seu trabalho; nada de exageros.

Mas pude perceber que ela não é muito querida por aqueles que se dizem bons entendedores de música ou, se preferir, aqueles que acreditam ter nível cultural e intelectual mais elevado que a média. Ana Carolina, não há como negar, é uma artista de talento ímpar: ela toca, compõe, canta, arranja e produz, tudo isso muito bem. A cantora só tem um defeito, que é ser bastante popular, estando no gosto do chamado "povão". Suas músicas estão presentes em muitas trilhas de novelas das oito.

Espera aí. Defeito? Sim. Para muitos, ser popular é sinônimo de falta de talento, já que, de fato, a maioria dos artistas que carregam esse estigma não fazem por merecer. Mas existem exceções, e Ana Carolina é uma delas. Ela faz canções no estilo que segue a nova mpb, um som meloso e de refrões fáceis.

Por mais que ela tenha cometido o erro de ter gravado um cd ao vivo com Seu Jorge, não posso falar mal de Ana Carolina. É fato, para mim, que ela faz seu trabalho de maneira sublime. Por sorte - ou azar - chegou ao main stream e dele não quis mais sair. Para uma cantora que tem o seu nível de conhecimento sobre música, o caminho não seria outro.

Acredito que as pessoas devam ser frias ao analisar música, e despir-se que qualquer estigma que queiram ostentar ou preconceito para opinar sobre os artistas. Como já disse, não sou fã de Ana Carolina, mas essa história de defendê-la aproximou-me dela; agora com olhar mais crítico, creio que a admiro ainda mais. Vou até as últimas consequências, indo à sua apresentação na Concha Acústica, no próximo dia 26. Após a prova de fogo - que para qualquer artista é o show ao vivo - tenho certeza de que terei ainda mais argumentos para as discussões.


Ah, não quero falar da Piri... da Ivete Sangalo. Em outro post vocês vão entender.

Queria achar algum clipe desta música, mas não consegui. Para mim, é uma das melhores:



quinta-feira, 3 de abril de 2008

Para toda a vida

Em épocas de colegial, o meu passatempo nas aulas de física ou matemática eram os rabiscos no caderno. Escrevia letras de músicas, logotipos de bandas(mesmo sendo limitada enquanto desenhista), poemas de Drummond e frases de Clarice ou Saramago.

Nunca tinha me ocorrido transcrever um trecho de um livro até que, no primeiro ano, li, pela primeira vez, Dom Casmurro, de Machado de Assis. Não preciso dizer que foi um dos melhores livros com que já tive contato.

Este ano é o centenário da morte do escritor. Através da Lei nº 11.522, assinada pelo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, 2008 ficará marcado como o Ano Nacional Machado de Assis.

Como parte das comemorações, estão programadas conferências, exposições e feiras de livros voltadas para o maior escritor brasileiro. Havará também homenagens na Bienal do livro de São Paulo, além da digitalização de suas obras.

Ah, sim, a passagem da obra. Levei o livro para a escola e, durante uma aula sobre óptica, aprendi muito sobre a subjetividade humana, através da sua excelente definição de "alma".

Levarei para toda a vida.

"A alma da gente, como sabes, é uma casa assim disposta, não raro com janelas para todos os lados, muita luz e ar puro. Também as há fechadas e escuras, sem janelas, ou com poucas e gradeadas, à semelhança de conventos e prisões. Outrossim, capelas e bazares, simples alpendres ou paços suntuosos".

terça-feira, 1 de abril de 2008

Psicologia e comunicação

Há muito mais conspiração do que se pensa quando o assunto é manipulação de massas. A mídia nunca mediu esforços para "educar" populações mundo afora. É tirado das pessoas, de maneira sutil, a capacidade de reflexão sobre qualquer assunto; as opiniões já vêm prontas como em um cardápio: basta escolher a sua. No fundo, estão todos defendendo posições de grupos seletos que sempre nos pedem para não contarmos os nossos problemas.


Não faz muito tempo que li um livro chamado "Comunicação e Controle Social", que é a reunião de teses de vários mestrados nas áreas de Psicologia e Publicidade. O que eu achava antes ser uma "piração" da minha cabeça, foi atestado e comprovado com argumentos científicos pelos mestres escritores.


O programa de controle social tem base na psicologia. São mensagens sutis, quase subliminares, que nos alienam a todo momento se que percebamos. Uma simples propaganda de leite, como fez a Nestlé com o seu Ninho, pode causar estragos fora de qualquer suspeita. Há tempos, a marca propagandeou o seu leite como "o substituto do leite materno". Assim, muitas mães de baixa renda que não podiam amamentar compravam a mercadoria, mesmo sem poder, achando que poderiam confiar na propaganda. Resultado: milhares de crianças em idade de amamentação morreram em todo o mundo nessa época. No campo da publicidade, os exemplos são vastos. São modelos que impõem beleza, a ponto de fazerem uma mulher entrar em bulimia ou anorexia por achar que está fora dos padrões; ou mesmo uma superexposição de valores sentimentais em épocas de Natal, dia das Mães ou dos Pais, associando-os à compra de presentes.


O livro tratava mais da relação entre psicologia e publicidade, mas ela é também inerente ao jornalismo. O mesmo sistema de manipulação se faz presente através do sensacionalismo. Principalmente em telejornais, com imagens que mais parecem compor um filme de ação ou terror, o espectador é levado ao limite de suas emoções, deixando-se facilmente levar pela opinião do enunciador( o Fantástico é o melhor exemplo disso).


Não pense que o conteúdo midiático é elaborado à toa. Ele é milimetricamente calculado para "adestrar" você!


Acho essa música que segue excelente. É o que eu acabei de escrever, mas versada de maneira poética, feita pelos titãs do rock nacional:



http://www.youtube.com/watch?v=7wv7NabwtC0