quinta-feira, 16 de outubro de 2008

"A palavra é o meu domínio sobre o mundo"



As críticas à Clarice Lispector são completamente infundadas. Costumam dizer as más línguas que essa magnífica escritora escreve fácil. Mas o que seria, afinal, escrever fácil? Não usar palavras difíceis, que só os bons letrados entendem?

Há controvérsias. Clarice, por exemplo, nos prova que somos fracos em matéria de existencialismo, porque nos mostra de maneira - se preferir - fácil, clara e direta, questões da nossa essência que deveriam estar ao nossos olhos, mas que raramente enxergamos. Quem já não se pegou sussurando um "hum, é mesmo", ao ler alguns de seus contos? São conclusões óbvias que ela, magistralmente, apresenta-nos.

O cuidado em acusar algum escritor de "escrever fácil" paira sobre a questão do sentido do que se escreve. Nesse caso, Clarice é uma das escritoras mais difíceis de se ler, muito mais complicada que qualquer escritor que maqueia idéias simples com palavras incomuns. Você apenas pensa que entendeu Clarice, assim como pensa que entendeu Kafka, Drummond ou Saramago.

E é por isso que Clarice foi a maior escritora brasileira dos últimos tempos. Ela nos prova que formalismos linguísticos de nada adiantam. Aquilo que é o mais importante, ainda estamos longe de entender.
"Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho." (Clarice Lispector)

Nenhum comentário: