Minha falta de atenção me levou à avenida Tancredo Neves para nada. Acabei indo parar no Salvador Shopping, cuja fachada está escondida por andaimes de obras. Sim, o local passa por uma nova reforma. Os engenheiros que me desculpem, mas construir mais um poste naquela região é loucura e falta de sensibilidade. As pessoas de engenharia, assim como as da política, são treinadas para serem insensíveis. O Iguatemi já era o bastante para causar o caos cotidiano das seis da tarde e a prefeitura não soube fazer um bom acordo ao negociar a licença do shopping Salvador em troca da construção do viaduto que desafogaria a tráfego na região, financiada pelos empresários deste centro de compras e lazer. Como se não bastasse os engarrafamentos que crescem a cada dia, ainda revolvem levantar um centro empresarial e residencial ao lado do Salvador. Não, eu não desculpo os engenheiros. Não desculpo, muito menos, o prefeito João Henrique, reeleito com mais de 200 mil votos de vantagem. Não desculpo, sobretudo, cada eleitor que digitou o 15 na urna eletrônica.
Essa vitória do Mister Obrinhas representa grande perigo para a cidade, situação esta que a classe conservadora que o elegeu não imagina.
É previsível que haveremos de encarar mais quatro anos de anti-gestão, ou seja, de barbárie completa no palácio Thomé de Souza. A impressão que continuaremos a ter é de que a capital baiana não tem gestor, que está entregue às moscas. Quase isso. Os urubus que cercam a prefeitura para sugar sua (nossa) verba estão aí, mais fortalecidos que nunca. Mas há quem diga que Salvador tem gestor sim, ou melhor, gestora. Seu nome: Maria Luiza Carneiro. As boas línguas denunciam que a primeira-dama é quem realmente manda na prefeitura. Dizem ser uma mulher de pulso firme e de personalidade muito forte (para não dizer outra coisa).
O outro perigo - e esse sim mete muito medo - chama-se Geddel Vieira Lima, a versão nova e antipática de Antônio Carlos Magalhães. É... houve um pequeno e esperançoso período de transição entre o carlismo e o geddelismo. Mas 2010 vem aí, e o povo não perde por esperar, mas sim por dar poder a esse cafetão, líder do partido mais prostituído do Brasil. Hoje ouvi uma universitária dizer que "Geddel é o cara". Ela repetiu essa frase mais de duas vezes. "Geddel é o cara, rapaz, Geddel é o cara...".
Confesso que tive mais medo que vergonha.
[Os ditos populares são sábios: cada povo tem o governo que merece]