quarta-feira, 4 de junho de 2008

Trabalho noturno afeta qualidade de vida



Por Renata Alves


O trabalho noturno causa mais problemas à saúde do que se imagina. Uma pesquisa realizada em 2004, pelo Instituto Oswaldo Cruz e o Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos, revelou que a troca da noite pelo dia acarreta em doenças de ordem física e psicológica. O desconhecimento desses distúrbios ou a não-associação destes à uma noite insone faz com que muitos optem por inverter sua rotina, perdendo qualidade de vida.


“O fenômeno principal é a desorganização do ritmo do sono, a insônia”, diz o médico Willian Buinghan, 54 anos. Como o desejo de dormir costuma não ser reposto, doenças psicológicas como o estresse, a ansiedade e a depressão são agravadas. Estar adaptado a não dormir no horário comum não alivia os efeitos. O especialista afirma que prezar por boas condições de ambiente, evitar bebidas alcoólicas e atividades físicas próximas ao horário de descanso e ter uma alimentação leve amenizam os efeitos de uma noite insone, mas o cumprimento de todas as fases do repouso é fundamental para a reposição das energias do corpo.


O estudo realizado pelo Instituto e o Grupo Multidisciplinar da Universidade de São Paulo (USP) ainda constatou que as mulheres têm mais dificuldade de repor o sono perdido, pois costumam ser mais preocupadas com os filhos e as atividades domésticas.


O policial Antônio Élio Santos, 40 anos, que possui turnos de trabalho variados, não sente cansaço durante a noite. Ele diz já ter se acostumado com a insônia, ao contrário de alguns colegas, e reconhece o perigo que isso pode representar, pois seu posto requer atenção redobrada. Marcelo Gomes, 26 anos, garçom de boate, tem o mesmo distúrbio e se sente disposto na madrugada. Ambos não associam qualquer doença à falta de rotina do sono.


Possíveis fenômenos físicos e psicológicos dos funcionários da noite parecem não afetar o bom desempenho dos estabelecimentos. João Pedro Nervo, gerente e sócio de bar no Rio Vermelho, diz que não há diferença de comportamento entre os empregados diurnos e noturnos. Ele justifica que bonificações concedidas aos garçons os estimulam durante o expediente. “São pessoas acostumadas a trocar a noite pelo dia”, conclui.

Um comentário:

Reny disse...

Mônica, socorro, não consegui postar a matéria na ABAN!