Não consigo ficar muito tempo sem escrever. Acho-me estranha quando isso acontece. Mas ultimamente a vida tem estado mais leve, sem tantos problemas aparentes... Certamente tudo está do mesmo jeito, mas o modo como enxergamos a vida é que reflete o nosso estado de espírito; agora ele está no melhor momento.
Todos sabem que escrever na melancolia é muito mais fácil. É propício, afinal, se você está feliz, para quê vai perder tempo escrevendo? Vai é viver, que não há nada melhor.
Acabamos de sair do carnaval. Belo carnaval. A violência, os furtos, as prisões e todo o lado negro da festa teve saldo reduzido este ano. A explicação é simples: com a pulverização da festa, os circuitos estão mais vazios e , consequentemente, mais "tranquilos".
Estou tendendo a falar bem deste carnaval porque curti. Foi uma festa diversificada, teve atração para todos os gostos e festa para todos os bolsos. Mas é claro que não podemos nos esquecer do caráter segregador do carnaval, da "forçada" alegria de uma classe dominante que tripudia sobre a massa espremida no pequeno espaço que os blocos deixam na avenida. Parece uma baboseira de lunático esquerdista, mas o leitor sabe que é a pior e mais pura verdade. Pior porque não está diante dos olhos...
Ironicamente, os melhores blocos foram os sem-corda. O Expresso 2222 de Gilberto Gil sempre traz atrações dignas de um carnaval de qualidade, como Jorge Benjor e Lulu Santos este ano. Margareth Menezes e Daniela Mercury, cantoras respeitadas nos diversos segmentos sociais, também saem sem corda. E para quem gosta de reviver antigos carnavais, Armandinho e Luis Caldas dão uma força, e de graça. Pena que para quem gosta do axé do Asa de Águia, Chilete com Banana ou Ivete Sangalo, só resta desembolsar cifras exorbitantes que acabam culminando - pela força do preço - em total alegria.
Tudo isso sem falar dos carnavais que rolaram no Pelourinho e no Rio Vermelho(sobretudo na festa de Yemanjá). Mas estes eu passo adiante já que não tenho autoridade suficiente para discorrer...
Esta é a hora que o ano começa. Feliz 2008 á todos!
Um comentário:
Concordo que, realmente - e ironicamente, como você disse -, os trios sem corda foram os melhores (pelo menos no único dia que eu fui). Achei que, neles, a violência foi menor; afinal, não há o choque dos brancos ricos protegidos pelos pobres negros que empurram a pipoca também pobre e negra.
Sobre esse assunto, recomendo um vídeo que descobri o link por causa de uma reportagem da Carta Capital que tratava da periferia de Salvador.
http://youtube.com/watch?v=kmQjm8H5o0k
Feliz 2008 pra você também! Um ano de muita escrita, crítica e estudo, pra nós dois. =]
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