terça-feira, 22 de julho de 2008

Reviravoltas


Tem sido interessante observar os rumos que anda tomando as eleições municipais previstas para outubro. Em Salvador, há tempos que não se vê um período eleitoral tão surpreendente, cheio de reviravoltas. Mesmo com a avalanche de acontecimentos que envolvem o processo, no entanto, há indícios de que o grand finale disso tudo culminará em mais do mesmo: os três candidatos na dianteira das pesquisas de opinião representam a força do carlismo, um híbrido do mesmo e mais quatro anos de um “governo de obrinhas” (ACM Neto, Antônio Imbassahy e João Henrique, respectivamente).


Walter Pinheiro que, por conta de embates dentro do próprio PT, demorou a apresentar-se como candidato do partido, amarga um quatro lugar nas pesquisas. Pinheiro, apesar de ter certa simpatia política, é desconhecido e, certamente, não tem chance nessa eleição, mesmo tendo como vice Lídice da Mata, que será o motivo de muitos dos seus votos. Por conta de alianças nacionais descabidas entre partidos que, teoricamente, são de linhas ideológicas diferentes, o apoio do presidente Lula e do governador Jaques Wagner não está definido. Seria lógico que estes se manisfetassem a favor do candidato petista e que deixassem claro, caso o PT fosse vitorioso, que seria mais fácil para Pinheiro governar, pois sendo todos de uma mesma aliança, um mesmo partido, tudo iria convergir para um mesmo objetivo.


Mas as coisas não são tão simples, e o eleitor não pode pensar logicamente. Não deve votar em um partido, e sim em um candidato, por conta de alianças sem nexo. Ou melhor, sem nexo ideologicamente, mas que fazem muito sentido na hora de se conseguir apoio para governar.


Tudo isso para falar do PMDB, partido do chatíssimo Geddel Vieira Lima, que acredita ter o controle de toda e qualquer situação, sendo muito seguro de si. Isso é bom para um político, mas não o essencial. Pesquisas revelaram que o apoio do ministro a algum candidato pode trazer-lhe mais prejuízos que benefícios. João Henrique que se cuide. Graças a aliança PT-PMDB, o presidente Lula (comprovadamente, o maior cabo eleitoral de um candidato) não vai se manifestar em capitais onde cada uma das legendas possuir candidatura própria. Wagner, sutilmente, manifestou sua preferência por Pinheiro, mas, já era, foi-se a última esperança do petista.


Agora falemos do Netinho que, em uma cartada de mestre, conseguiu o apoio do maior “arrasta-massas” do Estado, Raimundo Varella, e do bispo Márcio Marinho, que será seu vice. Se já se sairia bem nas pesquisas por remeter ao nome e prestígio do avô, ACM Neto só tem, agora, o que festejar. Sua vitória parece estar garantida e qualquer mudança nesse quadro será surpresa (vamos torcer!). Infelizmente, os principais cabos estão com ele. Varella, nada mais que um escandaloso, que engana o povo com seus tapas na mesa e gritos sem efeitos, estava na em primeiro nas pesquisas quando ainda pensava em se candidatar à prefeitura de Salvador. Deve ter embolsado uma bolada para desistir e apoiar a chapa do DEM. Márcio Marinho, bispo da IURD... precisa dizer mais alguma coisa? Ainda há dúvidas de que a maioria da população está com eles?


Coitado mesmo é de Imbassahy que, não fosse essa pequena - porém avassaladora - aliança, teria grandes chances de se reeleger. Creio que não tem, apesar do empate técnico entre os três primeiros colocados. Somente uma reviravolta durante a campanha para mudar esse quadro.


Não posso deixar de falar do candidato Hilton Coelho, que tentará chegar ao Thomé de Souza pelo PSol. Ninguém fala o seu nome, muitos nem sabem que este está na disputa, mas é bom que se lembre dessa ínfima, porém necessária, oposição. Coelho aparece na foto desse post. Nada mais justo, afinal, ele é o que mais precisa de divulgação.


Vale lembrar a eleição municipal de Salvador ainda pode ser considerada uma caixinha de surpresas...

2 comentários:

Gilvan Reis. disse...

Reny, acho que vc se precipitou ao afirmar que Pinheiro não tem chance. Lembre-se que estamos falando de um candidato, cujo partido aparelhou o Estado e se apossou das torneirinhas. E, infelizmente, distribuição de cargos, prestígio, dinheiro e poder geram muitos votos.
Quanto a Geddel, vc foi generosa em chamá-lo de "chato". Bem, eu tenho espasmos de olhar para ele.
E se eu fosse votar nesse ano, sem dúvidas, daria meu voto ao desconhecido-sem-chances-do-psol hilton coelho. Até porque odeio essa modinha petista do voto útiL!

Reny disse...

Acho que não, Gil. Creio que eles mesmo estão certos de que essa eleição só servirá para "mostrar a cara" de Pinheiro para a população; quem sabe em uma próxima... Apesar de ele ser do PT, não acho que tenha chances, mesmo porque Lula já falou que não vai declarar apoio a nenhum dos candidatos da base por aqui, e ele sim conseguiria muitos votos.

Também odeio Geddel.

E eu estou pensando seriamente em votar no Hilton, por uma postura de oposição a tudo isso. Mas, sendo modinha petista ou não, tentar raciocinar dentro dessa política não é de todo ruim, e eu acho que votando em Pinheiro (odeio pensar em dar voto ao PT...) é uma forma de se fazer oposição. Parece ilógico, mas creio que sim.