Há quem critique - e muito - essa tendêncida da chamada "nova mpb" de flertar com o que há de moderno na música. Bases eletrônicas em meio às batidas da bossa nova, por exemplo, podem ser uma boa opção. É o que chamo de reciclagem musical, que significa inovar persistindo no velho e bom:
segunda-feira, 28 de julho de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
Reviravoltas
Tem sido interessante observar os rumos que anda tomando as eleições municipais previstas para outubro. Em Salvador, há tempos que não se vê um período eleitoral tão surpreendente, cheio de reviravoltas. Mesmo com a avalanche de acontecimentos que envolvem o processo, no entanto, há indícios de que o grand finale disso tudo culminará em mais do mesmo: os três candidatos na dianteira das pesquisas de opinião representam a força do carlismo, um híbrido do mesmo e mais quatro anos de um “governo de obrinhas” (ACM Neto, Antônio Imbassahy e João Henrique, respectivamente).
Walter Pinheiro que, por conta de embates dentro do próprio PT, demorou a apresentar-se como candidato do partido, amarga um quatro lugar nas pesquisas. Pinheiro, apesar de ter certa simpatia política, é desconhecido e, certamente, não tem chance nessa eleição, mesmo tendo como vice Lídice da Mata, que será o motivo de muitos dos seus votos. Por conta de alianças nacionais descabidas entre partidos que, teoricamente, são de linhas ideológicas diferentes, o apoio do presidente Lula e do governador Jaques Wagner não está definido. Seria lógico que estes se manisfetassem a favor do candidato petista e que deixassem claro, caso o PT fosse vitorioso, que seria mais fácil para Pinheiro governar, pois sendo todos de uma mesma aliança, um mesmo partido, tudo iria convergir para um mesmo objetivo.
Mas as coisas não são tão simples, e o eleitor não pode pensar logicamente. Não deve votar em um partido, e sim em um candidato, por conta de alianças sem nexo. Ou melhor, sem nexo ideologicamente, mas que fazem muito sentido na hora de se conseguir apoio para governar.
Tudo isso para falar do PMDB, partido do chatíssimo Geddel Vieira Lima, que acredita ter o controle de toda e qualquer situação, sendo muito seguro de si. Isso é bom para um político, mas não o essencial. Pesquisas revelaram que o apoio do ministro a algum candidato pode trazer-lhe mais prejuízos que benefícios. João Henrique que se cuide. Graças a aliança PT-PMDB, o presidente Lula (comprovadamente, o maior cabo eleitoral de um candidato) não vai se manifestar em capitais onde cada uma das legendas possuir candidatura própria. Wagner, sutilmente, manifestou sua preferência por Pinheiro, mas, já era, foi-se a última esperança do petista.
Agora falemos do Netinho que, em uma cartada de mestre, conseguiu o apoio do maior “arrasta-massas” do Estado, Raimundo Varella, e do bispo Márcio Marinho, que será seu vice. Se já se sairia bem nas pesquisas por remeter ao nome e prestígio do avô, ACM Neto só tem, agora, o que festejar. Sua vitória parece estar garantida e qualquer mudança nesse quadro será surpresa (vamos torcer!). Infelizmente, os principais cabos estão com ele. Varella, nada mais que um escandaloso, que engana o povo com seus tapas na mesa e gritos sem efeitos, estava na em primeiro nas pesquisas quando ainda pensava em se candidatar à prefeitura de Salvador. Deve ter embolsado uma bolada para desistir e apoiar a chapa do DEM. Márcio Marinho, bispo da IURD... precisa dizer mais alguma coisa? Ainda há dúvidas de que a maioria da população está com eles?
Coitado mesmo é de Imbassahy que, não fosse essa pequena - porém avassaladora - aliança, teria grandes chances de se reeleger. Creio que não tem, apesar do empate técnico entre os três primeiros colocados. Somente uma reviravolta durante a campanha para mudar esse quadro.
Não posso deixar de falar do candidato Hilton Coelho, que tentará chegar ao Thomé de Souza pelo PSol. Ninguém fala o seu nome, muitos nem sabem que este está na disputa, mas é bom que se lembre dessa ínfima, porém necessária, oposição. Coelho aparece na foto desse post. Nada mais justo, afinal, ele é o que mais precisa de divulgação.
Vale lembrar a eleição municipal de Salvador ainda pode ser considerada uma caixinha de surpresas...
Walter Pinheiro que, por conta de embates dentro do próprio PT, demorou a apresentar-se como candidato do partido, amarga um quatro lugar nas pesquisas. Pinheiro, apesar de ter certa simpatia política, é desconhecido e, certamente, não tem chance nessa eleição, mesmo tendo como vice Lídice da Mata, que será o motivo de muitos dos seus votos. Por conta de alianças nacionais descabidas entre partidos que, teoricamente, são de linhas ideológicas diferentes, o apoio do presidente Lula e do governador Jaques Wagner não está definido. Seria lógico que estes se manisfetassem a favor do candidato petista e que deixassem claro, caso o PT fosse vitorioso, que seria mais fácil para Pinheiro governar, pois sendo todos de uma mesma aliança, um mesmo partido, tudo iria convergir para um mesmo objetivo.
Mas as coisas não são tão simples, e o eleitor não pode pensar logicamente. Não deve votar em um partido, e sim em um candidato, por conta de alianças sem nexo. Ou melhor, sem nexo ideologicamente, mas que fazem muito sentido na hora de se conseguir apoio para governar.
Tudo isso para falar do PMDB, partido do chatíssimo Geddel Vieira Lima, que acredita ter o controle de toda e qualquer situação, sendo muito seguro de si. Isso é bom para um político, mas não o essencial. Pesquisas revelaram que o apoio do ministro a algum candidato pode trazer-lhe mais prejuízos que benefícios. João Henrique que se cuide. Graças a aliança PT-PMDB, o presidente Lula (comprovadamente, o maior cabo eleitoral de um candidato) não vai se manifestar em capitais onde cada uma das legendas possuir candidatura própria. Wagner, sutilmente, manifestou sua preferência por Pinheiro, mas, já era, foi-se a última esperança do petista.
Agora falemos do Netinho que, em uma cartada de mestre, conseguiu o apoio do maior “arrasta-massas” do Estado, Raimundo Varella, e do bispo Márcio Marinho, que será seu vice. Se já se sairia bem nas pesquisas por remeter ao nome e prestígio do avô, ACM Neto só tem, agora, o que festejar. Sua vitória parece estar garantida e qualquer mudança nesse quadro será surpresa (vamos torcer!). Infelizmente, os principais cabos estão com ele. Varella, nada mais que um escandaloso, que engana o povo com seus tapas na mesa e gritos sem efeitos, estava na em primeiro nas pesquisas quando ainda pensava em se candidatar à prefeitura de Salvador. Deve ter embolsado uma bolada para desistir e apoiar a chapa do DEM. Márcio Marinho, bispo da IURD... precisa dizer mais alguma coisa? Ainda há dúvidas de que a maioria da população está com eles?
Coitado mesmo é de Imbassahy que, não fosse essa pequena - porém avassaladora - aliança, teria grandes chances de se reeleger. Creio que não tem, apesar do empate técnico entre os três primeiros colocados. Somente uma reviravolta durante a campanha para mudar esse quadro.
Não posso deixar de falar do candidato Hilton Coelho, que tentará chegar ao Thomé de Souza pelo PSol. Ninguém fala o seu nome, muitos nem sabem que este está na disputa, mas é bom que se lembre dessa ínfima, porém necessária, oposição. Coelho aparece na foto desse post. Nada mais justo, afinal, ele é o que mais precisa de divulgação.
Vale lembrar a eleição municipal de Salvador ainda pode ser considerada uma caixinha de surpresas...
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Apesar de tudo
(Ouro preto)
(Praça da Liberdade - Belo Horizonte)
(Praça da Liberdade - Belo Horizonte)
Férias, por hora, podem ser um problema para a vida intelectual do estudante. A fadiga eterna, a certeza de saber que não há necessidade de se produzir algo útil, tudo isso nos amolece. O ócio criativo, pela primeira vez na minha vida, não funcionou.
Para começar, o tempo que passei nas Minas Gerais foi de leitura zero. Levei dois livros, mas quem disse que os parentes me deixavam em paz? Por outro lado - e aí, sim, obtive um outro tipo de ganho cultural - pude descobrir um pouco mais sobre a história dos inconfidentes, que acaba se confundindo com a própria história do Brasil. Por conta disso, os guias turísticos e até os próprios cidadãos, quando falavam de sua cidade, transpareciam orgulho e afeto.
É o que nos falta, baianos, apesar de tudo, orgulho da nossa cidade, o verdadeiro nascedouro.
Há uma boa comparação a se fazer. Dois estados que, cada um ao seu modo, em decadência, foram assumidos por governadores que prometiam mudança. Aécio Neves, em Minas, e Jaques Wagner, na Bahia. Para as bandas de lá, o provavel futuro presidente do país parece agradar as massas. Reformou praças, inaugurou hospitais, aumentou o salário dos professores do Estado. Segundo o meu primo Victor, ele "pegou um Estado quebrado e melhorou cem por cento". Mas não posso olhar a situação por um único lado, ponderar é necessário. Como turista, conheci apenas a parte "consertada" da cidade, os pontos referenciais, etc. Meu tio, delegado afastado da Polícia Federal, foi o único a falar mal do "Aécio Cheira Neves". O sobrenome do meio dispensa qualquer explicação. Já o Sr. João Wilton, não. Como bom partidário da sua classe, diz que esse governo é uma grande farsa. Incrível como a relação entre a polícia e o Estado, em qualquer cidade, é delicada. É incrivelmente absurdo, um verdadeiro show de irresponsabilidade (o problema da segurança pública parece não incomodar mais...). Por não estar inteiramente por dentro do cenário político de lá, incluindo as necessárias posições da oposição no Estado, mal posso tirar conclusões. Posso apenas arriscar que a situação não seja tão diferente da nossa.
Jaques Wagner assumiu o governo baiano promentendo revolucionar a política por aqui (talvez ele ainda não sacou que o PT nada entende de revolução...). Prometeu mudanças, óbvio, como todos os outros. Mas o que ,a cada dia, me deixa mais convicta é a certeza de que o único setor de melhoras foi o cultural. De resto, percebo uma estagnação incrível. Inclusive no caso da segurança, que sempre foi assim, essa questão frágil. A diferença é que o governo carlista conseguia facilmente camuflar as informações na imprensa, forjando situações sem cabimento. Em termos estruturais, tentei colocar-me como turista em Salvador para compará-la a Belo Horizonte. E cheguei a tristes verdades. A capital da Bahia, que vive do turismo, não se pode deixar degradar da maneira como está. Não pode se iludir com a "gestão de obrinhas" de João Henrique, muito menos com uma suposta melhora trazida pelo governo Wagner. Somos mais críticos com o que é nosso (ou deveria ser), claro, mas BH me pareceu mais preocupada com suas aparências, que podem enganar, vale lembrar.
Tudo isso para dizer que minha letargia intelectual talvez tenha sido apenas uma impressão. Aprendi muitas coisas, inclusive algumas pessoais, que não são de utilidade pública.
Assim sendo, não há problemas, "Demian" pode esperar mais um pouco.
Para começar, o tempo que passei nas Minas Gerais foi de leitura zero. Levei dois livros, mas quem disse que os parentes me deixavam em paz? Por outro lado - e aí, sim, obtive um outro tipo de ganho cultural - pude descobrir um pouco mais sobre a história dos inconfidentes, que acaba se confundindo com a própria história do Brasil. Por conta disso, os guias turísticos e até os próprios cidadãos, quando falavam de sua cidade, transpareciam orgulho e afeto.
É o que nos falta, baianos, apesar de tudo, orgulho da nossa cidade, o verdadeiro nascedouro.
Há uma boa comparação a se fazer. Dois estados que, cada um ao seu modo, em decadência, foram assumidos por governadores que prometiam mudança. Aécio Neves, em Minas, e Jaques Wagner, na Bahia. Para as bandas de lá, o provavel futuro presidente do país parece agradar as massas. Reformou praças, inaugurou hospitais, aumentou o salário dos professores do Estado. Segundo o meu primo Victor, ele "pegou um Estado quebrado e melhorou cem por cento". Mas não posso olhar a situação por um único lado, ponderar é necessário. Como turista, conheci apenas a parte "consertada" da cidade, os pontos referenciais, etc. Meu tio, delegado afastado da Polícia Federal, foi o único a falar mal do "Aécio Cheira Neves". O sobrenome do meio dispensa qualquer explicação. Já o Sr. João Wilton, não. Como bom partidário da sua classe, diz que esse governo é uma grande farsa. Incrível como a relação entre a polícia e o Estado, em qualquer cidade, é delicada. É incrivelmente absurdo, um verdadeiro show de irresponsabilidade (o problema da segurança pública parece não incomodar mais...). Por não estar inteiramente por dentro do cenário político de lá, incluindo as necessárias posições da oposição no Estado, mal posso tirar conclusões. Posso apenas arriscar que a situação não seja tão diferente da nossa.
Jaques Wagner assumiu o governo baiano promentendo revolucionar a política por aqui (talvez ele ainda não sacou que o PT nada entende de revolução...). Prometeu mudanças, óbvio, como todos os outros. Mas o que ,a cada dia, me deixa mais convicta é a certeza de que o único setor de melhoras foi o cultural. De resto, percebo uma estagnação incrível. Inclusive no caso da segurança, que sempre foi assim, essa questão frágil. A diferença é que o governo carlista conseguia facilmente camuflar as informações na imprensa, forjando situações sem cabimento. Em termos estruturais, tentei colocar-me como turista em Salvador para compará-la a Belo Horizonte. E cheguei a tristes verdades. A capital da Bahia, que vive do turismo, não se pode deixar degradar da maneira como está. Não pode se iludir com a "gestão de obrinhas" de João Henrique, muito menos com uma suposta melhora trazida pelo governo Wagner. Somos mais críticos com o que é nosso (ou deveria ser), claro, mas BH me pareceu mais preocupada com suas aparências, que podem enganar, vale lembrar.
Tudo isso para dizer que minha letargia intelectual talvez tenha sido apenas uma impressão. Aprendi muitas coisas, inclusive algumas pessoais, que não são de utilidade pública.
Assim sendo, não há problemas, "Demian" pode esperar mais um pouco.
Assinar:
Postagens (Atom)